Da fome para a obesidade

Por Luisa Haddad*

Outubro é o mês em que a gente costuma gritar aos quatro ventos o quanto precisamos melhorar nossa conexão com a comida. A alimentação faz parte da nossa rotina, fazemos no mínimo três refeições ao dia, mas o quanto a gente tem de consciência do que estamos consumindo? E o nosso trabalho é esse: discutir quais são as principais dificuldades para se garantir uma alimentação saudável para que todos possam ganhar em qualidade de vida.

Dados da Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) de 2018 mostram que 55,7% da população está acima do peso. A obesidade atinge 1 em cada 5 brasileiros. E, o mais chocante, é que estamos saindo de uma realidade de desnutrição para a obesidade. E isso gera grande impacto na qualidade de vida e no aumento de risco de doenças cardiovasculares.

O Pé de Feijão acredita que é possível mudar o comportamento alimentar via metodologia estruturada e toda baseada no encantamento. Trabalhamos com o olhar para a alimentação a partir da horta e não de uma dieta, estabelecendo uma relação mais saudável com a comida onde todos os alimentos têm seu espaço no dia a dia e onde frutas, legumes e verduras se tornam cada vez mais atrativas e desejadas pelos participantes dos nossos programas. 

No Dia Mundial da Alimentação precisamos falar sobre o quão complexo é esse assunto, quão multifatorial ele é, uma vez que as pessoas têm motivações diferentes para fazer suas escolhas alimentares. Todos têm o mesmo acesso aos mesmos produtos? O que faz as pessoas escolherem alimentos ricos em açúcar, gordura e sal com tanta frequência, mesmo sabendo que alguns desses alimentos, quando consumidos em excesso, podem trazer tantas consequências potenciais para saúde? É uma decisão emocional, consequência de um paladar viciado ou financeira? Quais são os gatilhos que fazem com que as pessoas queiram comer mais frutas, legumes e verduras, e assim diversificar a dieta e se sentirem mais saciadas? Em todas essas reflexões, quem sempre aparece repetidamente é o TEMPO. Como aliar a urgência de mudar nossos comportamentos com a praticidade exigida pela rotina corrida que todos nós temos? 

No último ano ampliamos o nosso leque de oficinas justamente para poder abordar mais temas: falamos muito sobre leitura de rótulos e as diferentes formas de processamento dos produtos para estimular o pensamento crítico, quais são as melhores opções de lanches para complementarem as refeições principais e também abordamos temas como quantidades de sal, outras possibilidades de adoçar a vida, como ter uma alimentação mais diversificada, um dia-a-dia mais sustentável, produção de alimentos orgânicos e agrobiodiversidade, entre outros. Esperamos com estes conteúdos atingir cada vez mais gente e conseguir mais parceiros que topem levar este tema para todos os lugares.

Em 2019 também fomos reconhecido pelo Artemisia Lab Saúde como destaque entre negócios de impacto em saúde preventiva. O que prova que estamos no caminho certo e que, ao mesmo tempo, ainda há bastante trabalho a ser feito para conseguirmos mudar a realidade de saúde e qualidade de vida do nosso país.

Mas uma coisa é certa, quando somos acolhidos e estimulados a cuidar da nossa mente e do nosso corpo, a sensação de felicidade que nos invade é tão boa, que queremos dar passos cada vez maiores. A auto-estima que surge quando a gente se cuida, é a melhor ferramenta de engajamento. Quer fazer parte desse movimento? Vem com a gente!

 

*Luisa Haddad é bióloga, foi gerente de projetos de estratégia de sustentabilidade corporativa e hoje lidera o Pé de Feijão. Decidiu empreender quando transformou o aprendizado da sua mudança de estilo de vida em um programa de qualidade de vida que reconecta as pessoas com os alimentos, mostrando que o caminho para comer melhor pode ser uma experiência transformadora.